ATA DA QUADRAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 22.05.1989.
Aos vinte e dois dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Quinta Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Vieira da Cunha que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Quadragésima Quarta Sessão Ordinária, que foi aprovada. À Mesa foram encaminhados: pelo Ver. Edi Morelli, 01 Pedido de Providências; 01 Pedido de Informações; pelo Ver. João Dib, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 51/89 (proc. nº 1323/89); pela Verª Letícia Arruda, 01 Indicação; pelo Ver. Luiz Machado, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 57/89 (proc. nº 1411/89); pelo Ver. Wilson Santos, 04 Pedidos de Providências. Ainda foi apregoado Requerimento do Ver. Wilton Araújo, solicitando a inclusão, nos Anais, do texto do cientista político Herbert de Souza, Betinho, publicado no Jornal do Brasil do dia sete do corrente. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 117/89, do Presidente do Instituto de Estudos Empresariais; 732/89, do Ministério da Justiça; s/nºs, do Sindicato dos Enfermeiros no Estado do Rio Grande do Sul; da BCM Engenharia Ltda.; Ofício-Circular nº 05/89, da Câmara Municipal de São Francisco de Assis. A seguir, foi aprovado Requerimento do Ver. Heriberto Back, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no período de vinte e um a vinte e três do corrente. Em prosseguimento, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Antonio Losada e, informando que S.Exa. já prestara compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Após, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando alterações na ordem dos trabalhos, passando-se ao período de ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 14/89 e a Emenda a ele aposta, após terem sido, Projeto e Emenda, discutidos pelo Ver. Lauro Hagemann. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 166/88. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Flávio Koutzii, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 166/88 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando que se convide, para comparecimento a esta Casa, em hora e dia a ser determinado, os Secretários do Planejamento do Estado, Arq. Telmo Magadan, da Ciência e Tecnologia, Prof. André Forster, Presidente da METROPLAN, Dr. Carlos Giacomazzi, Secretário Municipal de Obras e Viação, Arq. Newton Burmeister e Eng. Oscar Coester, Diretor-Presidente da SURCOESTER, para debaterem a possibilidade de que o Aeromóvel fique sem sua segunda estação; de Voto de Pesar pelo falecimento de Antonio Di Luca; do Ver. Jaques Machado, de Voto de Congratulações com Comercial de Baterias Kunzl, pela passagem de seu aniversário; de Voto de Pesar pelo falecimento de Harry Herbert Kley; do Ver. João Dib, de Votos de Pesar pelos falecimentos de Achylles Martins Sanguiton; de Walter Haetinger; do Ver. José Alvarenga, de Moção de Solidariedade aos estudantes, professores e funcionários da UFRGS, pelo movimento que empreendem contra a política do Governo Federal de corte de verbas ao ensino superior; do Ver. Valdir Fraga, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 14/89, seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 09/88; o Substituto do Ver. José Valdir ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 04/89; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 48; 50; 53; 51/89, este discutido pelos Vereadores Dilamar Machado, Clóvis Brum e João Dib; o Projeto de Resolução nº 07/89; em 3º Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 35; 40; 43/89. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Omar Ferri reportou-se ao pronunciamento do Ver. Dilamar Machado, em Pauta, acerca do Projeto de Lei do Legislativo nº 51/89, que dispõe sobre o Fundo de Previdência da Casa. Analisou a origem dessa espécie de fundos de aposentadoria, destacando terem tido os mesmos início antes do regime militar. Esclareceu os motivos pelos quais aceitou a devolução, devidamente corrigida, dos valores que já haviam sido descontados, de seus vencimentos, para esse Fundo. Rebateu críticas feitas a sua pessoa, dia dezenove do corrente, pelo Ver. Luiz Braz. O Ver. Luiz Braz discorreu sobre o Fundo de Previdência deste Legislativo, comentando o desconto obrigatório já feito ao mesmo, durante vários anos, por Parlamentares da Casa. Historiou a forma como esse desconto passou de obrigatório a opcional, defendendo a restituição, devidamente corrigida, das contribuições já pagas pelos Vereadores que optarem por sua exclusão desse Fundo. O Ver. Flávio Koutzii esclareceu o posicionamento assumido pelo PT, não favorável ao Fundo de Previdência da Câmara, comentando o Projeto do Ver. Dilamar Machado, que torna opcional a participação dos Parlamentares no mesmo. Atentou para a importância de um debate aprofundado da questão. A seguir, foi aprovado Requerimento do Ver. Artur Zanella, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no período de vinte e dois a vinte e seis do corrente. Ainda, o Sr. Presidente solicitou a convocação do Suplente Aranha Filho, para substituição do Ver. Artur Zanella. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. João Motta alertou para o grande número de reportagens que vêm sendo veiculadas na imprensa, contra os movimentos dos trabalhadores por melhorias salariais, bem como para as ações de grupos de direita contra esse movimentos. Disse ser esse quadro a preparação para o lançamento de uma candidatura de direita. Salientou a necessidade de tomada, pelas instituições legislativas, de um posicionamento concreto a respeito. Registrou ato político a ser realizado na Casa, quinta-feira, contra essa situação, dentro do movimento conhecido como “SOS Democracia”. O Ver. Lauro Hagemann analisou o grande número de greves que vem enfrentando o País, destacando os motivos que levaram a essa situação. Lamentou a forma como o Governo vem tratando a questão, o qual, ao invés de buscar a concretização de um política salarial, lança sobre os trabalhadores a responsabilidade do assunto. Defendeu o direito de greve, criticando seu cerceamento pelo Governo Federal. Falou sobre o fato dos candidatos às eleições presidenciais de novembro não possuirem planos de governo definidos. A seguir, em face de Requerimento aprovado no início da Sessão, de Licença para Tratamento de Saúde, do Ver. Artur Zanella, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Aranha Filho e, informando que S.Exa. já prestara compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Economia e Defesa do Consumidor. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Dilamar Machado saudou o ex-Vereador Wilson Arruda, presente no Plenário. Falou a respeito da atual situação econômica da Argentina, dizendo das dificuldades que aquele povo vem enfrentado e da provável antecipação da entrega do governo ao recentemente eleito candidato do partido peronista. Teceu comentários a respeito das campanhas presidenciais para as eleições de novembro, no Brasil, analisando as pesquisas de opinião pública a esse respeito. Falou sobre a história e as lutas do PDT, PMDB, PL, PCB e PT, indagando do passado do PRN e criticando seu candidato, Fernando Collor de Mello, dizendo que se trata de uma candidatura fabricada pela Rede Globo. O Ver. Luiz Braz congratulou-se com o Ver. João Motta pela idéia de ocupação dos períodos de Grande Expediente e Comunicações para debate acerca das eleições presidenciais. Comentou pronunciamento do Dep. Fed. Luiz Ponte, a respeito do aumento do salário mínimo, analisando as repercussões da instituição de um valor tão aquém das necessidades do trabalhador. Criticou a Rede globo, dizendo que a mesma está tentando desestruturar os partidos políticos do Brasil. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Airto Ferronato pronunciou-se quanto ao Fundo de Previdência desta Câmara, esclarecendo seu voto favorável ao Substitutivo do Ver. Dilamar Machado, com relação ao respectivo Fundo. Acusou o recebimento, com correção monetária, do valor de duas parcelas que já havia pago a esse Fundo, falando sobre a restituição, aos Parlamentares que desejarem a exclusão do Fundo de Previdência, dos valores já pagos ao mesmo. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezesseis horas e quarenta e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Isaac Ainhorn, Lauro Hagemann, Wilton Araújo e Adroaldo Correa e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Sobre a mesa, Requerimento do Ver.
Heriberto Back, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no período de 21
a 23 do corrente. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito
aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário o Sr. Antonio Losada,
Suplente pelo PT, que irá assumir a Vereança em substituição ao Ver. Heriberto
Back, que se encontra licenciado.
(O
Sr. Antonio Losada dá entrada no Plenário.)
O SR. PRESIDENTE: Convido o Sr. Antonio Losada a tomar
assento em sua Bancada e informo ao Plenário que, já tendo S. Exª prestado
compromisso regimental nesta Legislatura, fica dispensado de repeti-lo nesta
oportunidade, nos termos do § 2º, do art. 5º, do Regimento Interno.
Declaro
empossado o Ver. Antonio Losada e informo que S. Exª deverá integrar a Comissão
de Urbanização Transportes e Habitação.
O SR. ISAAC AINHORN: Peço a palavra, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: V. Exª está com a palavra.
O SR. ISAAC AINHORN: Para um Requerimento, Sr. Presidente.
Solicito a inversão na ordem dos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Havendo
“quorum” passamos a seguir à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC.
Nº 0788/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 014/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que
denomina Rua Dinarte Peixoto Armando um logradouro público. Com Emenda nº 01.
Pareceres:
- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. João Dib: pela aprovação do Projeto com a Emenda nº 01;
- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação da Emenda nº 01.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 014/89. Com a
palavra o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este
Projeto do Ver. Presidente da Casa traz à recordação de muitos de nós, dos mais
antigos, uma figura excepcional do rádio rio-grandense.
Nome
de rua para Dinarte Peixoto Armando, pouca gente saberá, ou saberia, de quem se
trata. Mas se nós nos fixarmos no binômio Dinarte Armando muita gente a de se
lembrar do famoso cronista esportivo da “Bola Murcha”, no horário das 7h20min,
na Rádio Farroupilha.
Eu
tive a ventura de ser colega de Dinarte Armando, colega de emissora e colega de
espaço radiofônico, porque a “Bola Murcha” era transmitida às 19h20min, na
Rádio Farroupilha, e o meu programa, “Repórter Esso”, às 19h25min, de sorte
que, por anos a fio, nos encontrávamos diariamente naquele horário. Convivi com
Dinarte Armando pelo tempo em que estivemos na Rádio Farroupilha. Rio-grandino
de nascimento, e de origem, origem radiofônica, inclusive, o que era muito
comum na rádia porto-alegrense, radialistas de origem rio-grandina e pelotense,
Dinarte Armando acabou se transferindo para o Rio de Janeiro, onde foi
trabalhar na Rádio Nacional. Era um profissional de rara competência, haja
vista que seu nome cruzou o tempo e se projetou no cenário da radiofonia
rio-grandense, claro que com o desgaste natural do tempo, que atinge a todos
nós, muitos dos que hoje ouvem os cronistas esportivos da atualidade, não têm a
mínima idéia de que há vinte ou mais anos atrás a Cidade possuía um cronista de
renome, como foi Dinarte Armando. E não era só cronista esportivo, Dinarte foi
redator, inclusive de novela, e radioator de rara competência também, porque a
sua versatilidade profissional foi muito grande.
Cumprimento
o Ver. Valdir Fraga pela idéia que teve, em trazer a consideração desta Casa,
já passados tantos anos, o nome desta figura saudosa, para receber a homenagem
de Porto Alegre, que o teve como seu habitante e participando da vida da Cidade
por longo tempo. Acredito que o Projeto será aprovado sem discrepâncias, como
homenagem a Dinarte Armando. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 014/89 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos
agora para a votação da Emenda. Em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam a
Emenda aposta ao PLL nº 014/89 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Sobre
a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Valdir Fraga, solicitando seja o PLL nº
014/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação
Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC.
Nº 2834/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 166/88, que declara de Utilidade Pública a
Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho.
Pareceres:
- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação;
- da CEC. Relatora Verª Letícia Arruda: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 166/88. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLE nº 166/88 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre
a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Flávio Koutzii, solicitando seja o PLE
nº 166/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação
Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(Obs.:
Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)
O SR. PRESIDENTE: A seguir, passaremos a
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 1872/88 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 009/88, que altera os limites do Corredor de
Comércio e Serviços 44, identificado no modelo espacial do Primeiro Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano e dá outras providências.
PROC.
Nº 1148/89 – SUBSTITUTIVO,
de autoria do Ver. José Valdir, ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 004/89, de autoria do Ver. Luiz Braz, que regula o horário
de abertura e fechamento do comércio em geral na Cidade de Porto Alegre.
PROC.
Nº 1300/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 048/89, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
denomina Rua José Knijnik um logradouro público.
PROC.
Nº 1321/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 050/89, de autoria do Ver. Dilamar Machado, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Cantor e Compositor
José Bispo Clementino dos Santos- Jamelão.
PROC.
Nº 1363/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 053/89, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
dispõe sobre intervenção do Executivo em empresas de transporte coletivo urbano
por ônibus de Porto Alegre. URGÊNCIA.
PROC.
Nº 1429/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 007/89, de autoria da Mesa, que reajusta os vencimentos dos
funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências. URGÊNCIA.
PROC.
Nº 1323/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 051/89, de autoria do Ver. Dilamar Machado, que
dispõe sobre o Fundo de Previdência da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências. URGÊNCIA.
3ª SESSÃO
PROC.
Nº 1197/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 035/89, de autoria do Ver. Wilson Santos, que
autoriza o Executivo Municipal a criar o Serviço de Prevenção de Uso de Tóxicos
e Recuperação dos Dependentes de Drogas na Secretaria Municipal de Saúde e
Serviço Social - SMSSS, e dá outras providências.
PROC.
Nº 1235/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 040/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que
dispõe sobre a inclusão do curso de “Relações Humanas” nas 8as
séries do 1º grau das escolas municipais e dá outras providências.
PROC.
Nº 1247/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 043/89, de autoria do Ver. Cyro Martini, que
dispõe sobre a proibição do emprego da roleta especial mecânica nos
táxis-lotação e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Inscrito para discussão preliminar de
Pauta o Ver. Dilamar Machado. Cinco minutos com V. Exª.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
sexta-feira não estava na Sessão porque estava regularmente licenciado da Casa,
sem receber meus subsídios, em viagem a Buenos Aires, da qual farei relato à
Casa posteriormente, nesta tarde; portanto regularmente dispensado da minha
função de Vereador, sem receber da Casa, embora no exterior. Um Vereador que
não está presente na Casa, que há pouco tempo esteve no exterior recebendo seus
subsídios desta Casa e que se auto-intitula, hoje, o campeão da moralidade no
Legislativo de Porto Alegre, fez o seguinte comentário com relação ao Projeto
Substitutivo que assinei, buscando dar uma solução definitiva a este drama que
hoje existe na alma de todos os Vereadores, possivelmente dos nossos
ex-Vereadores, que é o chamado Fundo de Aposentadoria dos Vereadores -
instrumento criado no calor, no ventre da ditadura. Foi exatamente durante a
ditadura que se criou, nesta Casa, na Assembléia Legislativa, no Congresso
Nacional, os chamados Fundos de Aposentadoria e Pensão dos Vereadores. O que
diz o Projeto Substitutivo que estou assinando o que está tramitando na Casa:
“exclui definitivamente a questão da participação da verba pública”, que me
parece que é um clamor de todas as bancadas desta Casa. Exclui de vez. No outro
Substitutivo que apresentei ao Projeto de autoria do nobre Vereador Vieira da
Cunha, meritório em todos os sentidos, houve a exclusão de 50% da verba
pública. Este novo Projeto exclui em definitivo a participação da verba
pública. Por que as duas etapas? Porque não se faz profundas alterações de um
instrumento que nós não criamos, que, aliás, este instrumento é de autoria do
próprio Poder Executivo do Município, aprovado por esta Casa há 14 ou 15 anos,
não sei quantos anos, porque nós precisávamos ter, de parte de quem dirige esse
Fundo, as informações necessárias a respeito de sua sobrevivência como Fundo,
para que possamos nós manter aquilo que se chama direito adquirido daqueles que
já estão aposentados, alguns estiveram nesta Casa durante 16, 20, 24 anos,
ocupando e desempenhando seus mandatos de Vereadores. Recebido do Fundo a
informação de que a exclusão de verba pública, com o aumento da alíquota dos
Srs. Vereadores, o Fundo sobrevive, nós então estamos apresentando o Projeto
que virá à votação, em breve, para definitivamente excluir a verba pública.
O
que diz o Ver. Omar Ferri no seu discurso de sexta-feira? “Projeto de Lei do
Ver. Dilamar Machado não passa de grossa patifaria.” Repito - diz o Vereador –
“grossa patifaria, principalmente no art. 4º, instrumento e lucro ilícito,
dispositivo altamente corrupto.” O art. 4º do meu Projeto prevê a devolução das
contribuições dos Srs. Vereadores que saíram do Fundo, corrigidas. Por que,
corrigidas? Porque há Vereadores - e o Ver. Lauro Hagemann é um - que há 10
anos, com seus subsídios infinitamente menores do que os de hoje, tinham
compulsoriamente descontados de seus subsídios, todos os meses, durante todos
esses anos, um determinado percentual. Aliás, essa compulsoriedade já foi
retirada através do meu Substitutivo. Nenhum Vereador, hoje, é obrigado a
descontar para o Fundo, mas antes era. E esse dinheiro ficou no bolo do Fundo
de Aposentadoria. Agora, será que os dirigentes do Fundo pegaram esse dinheiro
e botaram embaixo do colchão? Ou aplicaram no sistema financeiro? Evidente que
aplicaram, tanto que se não fora assim, o Fundo já teria explodido. O Ver. Omar
Ferri, como todos nós, em janeiro deste ano teve descontado dos seus subsídios
NCz$ 270,74, compulsoriamente, porque ele não queria. Nem eu queria, nem a
maioria dos Vereadores novos, tanto que não descontamos mais, já saímos. Mas o
Ver. Omar Ferri, com base no meu Substituto aprovado há poucos dias, que ele
chamou de desavergonhado, recebeu do Fundo a devolução dessa quantia, só que
não recebeu os NCz$ 270,74, mas NCz$ 531,73, portanto, monetariamente
corrigido.
Agora,
o Ver. Dib me chamou logo que viu o Projeto e tirou algumas dúvidas com relação
ao art. 4º. Pareceu-me, na ocasião, que o Vereador tinha ficado satisfeito, até
disse a ele que, às vezes, a gente se equivoca na elaboração de algum artigo de
um Projeto e o Ver. Dib hoje apresenta uma Emenda para que essa correção seja
feita de acordo com o índice da caderneta de poupança. Essa patifaria seria
fina ou grossa, Ver. Dib? Eu não sei qual a dimensão da patifaria que V. Exª
encaminha à Casa, porque se devolver corrigidamente é patifaria, não existe
patifaria menor nem maior, é tudo patifaria.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Não gostaria de deixar passar em branco, já que fui citado
nominalmente e ainda tendo sido usada a palavra patifaria, aí me preocupo
seriamente. A Emenda que proponho, agora, corrige na forma usual através da
conta de poupança, da caderneta de poupança, agora, o que estava se pretendendo
aqui, sei que V. Exª não tinha nenhuma intenção de criar algum valor a mais,
era corrigir pela última, quer dizer, pagou-se 8, pagou-se 9, pagou-se 10 e
pagou-se 12 e corrigisse em 15%. Isso aí é o que está escrito, desculpe-me V.
Exª, mas é o que está escrito e é por isso que tratei de fazer a Emenda, não
foi por outra coisa, não estou considerando patifaria.
O SR. DILAMAR MACHADO: É, V. Exª há de convir, Vereador, que
seria muito difícil para mim, nessa altura da minha vida, estar, por exemplo,
fazendo um arreglo, digamos, com o Ver. Larry Pinto de Farias, ou com o Ver.
Wilson Arruda, nosso querido amigo pai da Verª Letícia, ou com o Ver. Ábio Hervé,
com o Ver. Pujol, com o Ver. Cleom, de repente tenho um arreglo, uma patifaria
com esses Vereadores. “Olha aqui, irmão, tu recebe o dinheiro e depois divide
comigo!” Não faço parte do Fundo, fiz durante dois meses, compulsoriamente, me
retirei dele. Fui Deputado, não recebo um centavo da Assembléia Legislativa,
não tenho aposentadoria nenhuma, muito menos do Governo Federal. Tenho tempo de
aposentadoria na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, não estou aposentado,
poderia ter requerido a receber da Prefeitura, com todo o direito, os 10 anos
em que fiquei expurgado por força da cassação do meu mandato; não requeri. Dr.
Dib, que foi Prefeito, sabe que se requeresse teria direito. Dr. Villela,
quando Prefeito, me sugeriu que requeresse, fui membro do Governo do PDT do Dr.
Alceu Collares e não requeri e não vou requerer. Conseqüentemente, tenho
absoluta autoridade moral para não aceitar essa agressão.
Vou
esperar que o Ver. Omar Ferri, hoje, com a minha presença, naturalmente, tem o
tempo de Liderança, tem espaço para falar, venha à tribuna e com todas as
palavras, claramente, não precisa entrar em transe, não precisa se atacar, não
precisa ficar histérico, pode dizer o que ele quer dizer com “grossa patifaria”
nesse Projeto. E, ao mesmo tempo, perguntar ao Vereador: se a sua preocupação é
tão grande em debater esse assunto permanentemente nos jornais, nas televisões,
nas rádios, por que o Vereador não assina um projeto alterando, quem sabe, essa
grossas patifarias? Fazendo algo que saia de dentro de sua alma iluminada,
branca, cristalina, esta vestal da moralidade pública do Rio Grande, que faça
um Projeto para que possa apreciá-lo e votá-lo. Eu, pelo menos, Vereador, tenho
tido o interesse, o cuidado de fazer alguma coisa para corrigir, dou razão a V.
Exª como dou razão à Bancada do PT, como dei razão à Bancada do PDT e aos
membros do Fundo, pois é um Projeto difícil, é um processo incomum, não é bom
para ninguém, temos que corrigi-lo e quem sabe, até, um dia teremos que
extinguir o Fundo. Mas isso pode ocorrer dentro de um processo normal, sem
agressão, sem considerar que cada pessoa que trate desse assunto seja corrupto
ou seja patife.
Não
aceito os termos colocados por V. Exª, não os recolho como um ato de lucidez de
V. Exª, os credito a um momento de infelicidade porque, na realidade, se V. Exª
considera que receber o que lhe foi descontado compulsoriamente, sem qualquer
correção, é uma coisa lógica, entrou na grossa patifaria ao receber o que
descontou corrigido monetariamente. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Liderança, com o PSB. A palavra com o
Ver. Omar Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vou
entrar no diapasão do Ver. Dilamar Machado. Acho que ele se comportou a altura,
portanto, o revide tem que ser a altura. O revide pode, até, ser histérico de
vez em quando, quando histericamente, ou maldosamente atacam este Vereador, ou
quando distorcem a verdade dos fatos. Isso é muito comum para muitos Vereadores
desta Casa. Mas o Ver. Dilamar Machado não distorceu nenhum fato, incorreu,
apenas, em dois lamentáveis equívocos e vou respeitá-lo como ele me respeitou.
Em
primeiro lugar, Ver. Dilamar Machado, esses Fundos de Aposentadoria não são
frutos do regime de ditadura militar, nem nasceram por ocasião dos regimes de
alta excepcionalidade jurídica. Todos esses Fundos têm origem num Fundo que é o
mais corrupto e o mais desavergonhado de todos. Se não bastasse dizer isso,
leia, V. Exª, todos os dias, todos os jornais deste País. Para nosso vexame,
para nossa humilhação, dinheiro público, dinheiro que foi carreado ao Fundo dos
parlamentares, dos congressistas, só por um último ato de safadeza de um
Deputado Federal chamado Gustavo Faria, o prejuízo causado foi de 10 milhões de
dólares. Fundo criado em 1962, quando era Presidente da República um dos homens
mais dignos deste País, chamado João Goulart. Foi naquela época que a
vergonheira teve início. Portanto, ninguém estava cassado. Não havia o problema
de alguém perder o mandato parlamentar através das cassações. Esta é a primeira
correção.
A
segunda correção diz respeito ao recebimento da devolução da minha contribuição
ao Fundo, corrigida. Recebi! Por que eu recebi, Sr. Dilamar Machado, meu
prezado Vereador? Recebi porque no dia 02 ou 03 de janeiro - eu não lembro bem
- a primeira atitude jurídico-parlamentar, político-administrativa que tomei
nesta Casa foi a de requerer minha exclusão do Fundo, imaginando que em três ou
quatro dias eu obtivesse a exclusão.
Mas
levou muito tempo e me descontaram, e quando me descontaram a primeira vez eu
ajuizei um mandato de segurança para impedir um novo desconto. Então quando me
descontaram a primeira vez, não poderiam me descontar; se corrigiram,
corrigiram e bem corrigida está a quantia que recebi. Mas não é o caso do art.
4º do Projeto de Lei apresentado pelo Ver. Dilamar Machado, por que não é o
caso? Porque a Lei que criou o Fundo só previu uma hipótese de devolução, e
esta hipótese ocorre nos casos de extinção do Fundo. E quando o Fundo se
extingue, aí então, as mensalidades cobradas pelo Fundo deveriam ser
atualizadas e devolvidas aos associados. Pela Lei, portanto, é o único caso de
devolução das mensalidades pagas. Não há outro! Agora, não é justo que, de
repente, um Vereador transforme esta Lei que vai permitir a extinção da verba
pública em negócio. Que eu ratifico: na minha opinião é enriquecimento ilícito.
Eu não receberia e não teria coragem de receber. E eu empreguei, Ver. Dilamar
Machado: “talvez fosse grossa a patifaria”. Vejam o termo que estou empregando,
está escrito aqui. As diferenças, portanto, são grandes, são quilométricas. Um
caso é a devolução decorrente de norma legal em caso de extinção, e outro é o
caso de se incluir numa lei um dispositivo que permite que Vereadores, a custa
de outros que têm direito adquirido, enriqueçam. E por que não podem? Porque a
personalidade jurídica do Fundo é diferente da personalidade jurídica dos Srs.
Vereadores. Uma vez entregue o dinheiro ao Fundo, ele não pode retornar do
jeito e da forma que esse Projeto de Lei entende e pretende.
Votarei
contra o art. 4º, e não apresentei projeto de lei, porque tem Vereadores nesta
Casa que se comprometeram a apresentar. Mas se não apresentarem, eu
apresentarei; na condição de Líder eu terei essa possibilidade.
Para
concluir, Sr. Presidente, disseram que eu tenho uma ficha muito extensa na
Polícia Federal. Tenho em mãos esta ficha, mas por falta de tempo usarei uma
outra oportunidade para que fique nos Anais desta Casa a minha vasta ficha na
Polícia Federal. Ficha que devo e credito em 90% dela em defesa do Partido que
hoje pertence o Ver. Luiz Braz. Mas esse é um assunto para uma outra
oportunidade. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, já foi
dito aqui, várias vezes, que determinados Vereadores, não tendo tempo para
realizar trabalhos que possam trazer proveito para a Cidade, usam a exploração
de determinados assuntos para que os seus nomes possam aparecer de maneira
destacada em rádios, televisão e jornais da Cidade. Qual é o proveito que estes
Vereadores trazem para esta Cidade? Nenhum. Quando entramos aqui, Ver. Dilamar
Machado, em 1982, eleitos pelo voto popular, existia nesta Casa, como também em
outras instituições, este tal de Fundo de Previdência dos Vereadores. E naquela
oportunidade, em 1982, tomamos posse em 1983, ninguém foi perguntado aqui nesta
Casa se queria ou não fazer o desconto. Simplesmente todos os Vereadores que
tomaram posse em 1983 tiveram, como o Ver. Lauro Hagemann, como o Ver. Antonio
Holfeldt, que se pronunciaram depois contrários ao Fundo de Previdência nesta
Casa, mas tiveram descontados de seus vencimentos os valores relativos ao Fundo
de Previdência dos Vereadores.
Passamos
nós, na Legislatura passada, seis anos descontando para o Fundo de Previdência,
mas não era um desconto que vieram pedir para nós dizermos que fosse assim ou
assado, era um desconto compulsório.
Quando
foi aprovada a Constituição em 1988, no seu art. 5º, deu-se a opção, que foi
muito bem captada pelo então Vereador Dilamar, e o Ver. Dilamar Machado
transformou aquilo que já era um direito da Constituição num projeto de lei,
aqui nesta Casa, facultando para os Vereadores o direito de continuarem
associados no Fundo ou não.
Todos
aqueles Vereadores novos, que não tinham o porquê continuar no Fundo,
associados, optaram por não continuar no Fundo. Como tinham algumas
contribuições feitas a este fundo. No caso do Ver. Omar Ferri que tinha feito
uma contribuição, estas contribuições foram restituídas, com base na poupança
oficial. Estes foram os percentuais utilizados pelo Fundo para fazer a
restituição a estes Vereadores considerados novos. Para nós, Vereadores desde
1983, o que nós realmente estamos querendo, já que os ataques a este Fundo de
Previdência dos Srs. Vereadores vêm de todos os lados possíveis de nossa
sociedade, muito embora eu continue dizendo que eu não acredito, não acho, na
minha concepção de ver, que este Fundo, seja um Fundo imoral. Nós estamos
querendo que aquelas contribuições que foram assacadas de nossos vencimentos,
contra a nossa vontade ou a favor de nossa vontade, não importa, mas de maneira
compulsória, que estas contribuições possam nos ser restituídas, da mesma forma
como foram restituídas as contribuições dos Srs. Vereadores novos. Não queremos
nada mais do que isto. E inclusive já disse para todos os Vereadores,
inclusive, para o próprio Ver. Dilamar Machado, eu aceito discutir os
percentuais, se o percentual colocado no Projeto do Vereador Dilamar Machado é
o percentual que não está sendo aceito por algum ou outro Vereador desta Casa,
que apresentem uma emenda dizendo qual é o percentual que pode atualizar melhor
as contribuições que foram feitas para serem restituídas aos Srs. Vereadores.
Acho que esta é uma discussão digna de ser levada a cabo.
Talvez
o Ver. Dilamar não saiba, mas o Ver. João Dib já recebeu como aposentado desse
Fundo de Previdência. O que quer o Ver. João Dib é fazer com que os Vereadores
associados a este Fundo e que já, por exemplo, utilizaram o Fundo para tirar um
empréstimo, e que pagaram por este empréstimo, sejam considerados também
beneficiados pelo Fundo. Não podendo assim, se retirar dele, e continuem estes
Vereadores a contribuir, para os aposentados, como é o caso do Ver. João Dib.
Então,
concordo realmente com este tipo de tratar o assunto com lisura, não quero nada
mais do que aquilo que é meu, como nenhum Vereador desta Casa quer nada mais do
que aquilo que é deles. Só isto; nada mais do que isto. Agora, se há divergência
em relação a percentuais, tudo bem, vamos discutir. Agora, tratar este assunto
para ser manchete de jornais ou para arrumar assunto para discutir em rádio e
televisão e desmerecer a Casa, como está sendo desmerecida, atirar a
instituição, como está sendo atirada neste instante, eu acredito que esta não é
a missão dos Vereadores, eleitos para vir a esta Casa tratar dos assuntos desta
Cidade e para tentar engrandecer este Legislativo. Era isso, Sr. Presidente.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o Ver. Flávio
Koutzii pelo espaço de cinco minutos, sem apartes.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
sinto-me no dever sobre a questão que trouxe alguns líderes a esta tribuna
expressar com clareza o nosso entendimento sobre o Projeto ora em
encaminhamento nesta Casa. Nós pensamos, e está absolutamente aberto e é
próprio do processo legislativo emendá-lo e modificá-lo, especialmente no art.
4º, que é o desafio mais complexo na medida em que ele deverá resolver o
problema, por exemplo, dos Vereadores que contribuíram durante vários anos, se
devem ser ressarcidos ou não. Em que termos, em que tipo de cálculo, se deve
abrir ou não uma janela dentro deste Projeto para que, segundo o que escutamos
dos dirigentes do próprio Fundo, ele possa sustentar a situação daqueles que
dele dependem? Então, aí há um campo de debate a ser desenvolvido. Entretanto,
o que nos obriga a uma intervenção é que a colocação feita pelo nosso
companheiro Omar Ferri pecou, no nosso entendimento, por uma generalização que
nos atinge, embora saibamos pela nossa convivência diária e pela nossa
identidade política na maioria dos temas, que não se trata, na opinião que ele
tem, sobre as nove assinaturas do PT neste Projeto; porém o que eu acho é que
houve falta de tempo para se discutir e amadurecer e se consultar
reciprocamente.
O
entendimento do PT é que a questão de Fundo - e geralmente quando se faz
política, essa deve ser a determinação principal - é levar a cabo aquilo que é
uma bandeira do nosso Partido há muitos anos, bandeira muito solitária e
isolada, e que só passou a ser mais aceita em outros setores políticos e
ideológicos pela própria pressão da sociedade, com tudo que nela há de complexo
e contraditório Ver. Elói Guimarães. Eu gostaria de dizer que para nós esta é a
questão de fundo. E, se esta Câmara - acho até que pela intervenção inclusive
corajosa e decidida do Ver. Omar Ferri - depois de uma primeira fase
reatualizou o debate e hoje isto corre fluidamente entre as diferentes
bancadas, isto é um mérito dos que estão aqui, isto é um mérito da sociedade,
isto é um mérito de uma coisa que nós acreditamos muito, que se chama pressão
social. Não caiu do céu, nem da cabeça isolada de ninguém. Isto é o produto de
um contexto social e acho que esta Câmara está encontrando um caminho para
solucionar. Que haja já 26 ou 27 assinaturas, o Projeto é extraordinariamente
significativo, quero dizer, que é muito provável, sempre é perigoso antecipar
numa Casa política que esse Fundo vai acabar, como Fundo público mesclado com
interesses privados. A nossa posição, portanto, é extremamente confortável,
porque os Vereadores que leram a “Zero
Hora”, de 09 de maio, terão visto em uma manchete expressiva que o bloco
do PT, na Assembléia Legislativa, rejeita verbas de auxílio. Cada Deputado do
Estado do Rio Grande do Sul tem uma verba de auxílio de 25 mil cruzados novos.
Com a mesma posição que já defendemos a não fixação desses recursos, na esfera
municipal desta Câmara, isto é uma posição nacional, foi retomado por nossos
colegas na Assembléia Legislativa.
Então,
estamos completamente à vontade, no que concerne a uma postura ética e moral
neste terreno, e entendemos que o vetor principal, que deve orientar esta Casa
e que orientou nove Vereadores do PT, não é o centro da polêmica: se é justo ou
não que Vereadores que contribuíram por muitos anos tenham direito a se
ressarcir - o que nos parece, em princípio, lógico e normal, é do funcionamento
desta sociedade -, mas o centro é iniciativa de extinguir o Fundo, e eu
esperava, neste aspecto, ter a saudação e solidariedade do Ver. Omar Ferri.
Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum em
Pauta.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu acho
que não se pode negar a verdade da frase do Ver. Flávio Koutzii de que o
Projeto sobre o Fundo, todas as proposições, tem um fundo de pressão popular e
pressão social. Eu estaria mentindo se dissesse que conhecia a legislação do
Fundo até haver estes debates. Eu não conhecia. Eu vim saber, eu vim estudar e
conhecer o tal de Fundo de Previdência há questão de uns 20 dias, um mês,
quando fui ao Fundo de Previdência e soube que havia sido eleito como
Conselheiro do Fundo, juntamente com o Ver. Elói Guimarães. Pois nem eu e nem o
Vereador sabíamos, tanto que a primeira iniciativa que nós tomamos foi fazer
por escrito um documento. E eu tenho certeza de que o Ver. Elói Guimarães não
sabia, porque, pelas informações que nós recebemos de um Pedido de Informações que
fizemos ao Fundo, nós ficamos conhecendo o outro lado do Fundo de Previdência.
E não desejo discutir, não quero discutir, não vou discutir, porque há um
consenso da Casa no sentido de respeitar quase que numa homenagem àqueles
Vereadores antigos, já com uma idade elevada, e que estão percebendo, na sua
maioria, como uma única fonte de subsistência, o Fundo de Previdência. Por
isso, nós não vamos falar, e não desejo falar, sobre o que aprendi e o que
conheci sobre o Fundo de Previdência.
A
exemplo de outros companheiros, o que eu quero, o que desejo, é a mesma coisa
que o PT desejou, o que o Dr. Omar Ferri desejou, que os novos Vereadores
receberam, é a devolução daquilo que foi descontado, na folha de pagamento, dos
meus salários. Como tenho uma família, minha mulher e filhas, o meu salário
também pertence à meação da minha família. Quero de volta apenas aquilo que
tiraram dos meus salários. Em momento algum pedi, e o Projeto não contempla
isso, a retirada de qualquer verba pública; pelo contrário, junto com a minha
contribuição, ou paralela a minha contribuição, a Prefeitura contribuiu também
com o Fundo, e a parte que a Prefeitura contribuiu para o Fundo, nós não
queremos; nós queremos só uma coisa, aquilo que devolveram aos novos
Vereadores, é o que foi retirado dos nossos salários. Só isso. Agora, por que a
gente não tinha conhecimento do Fundo? É necessário discutir esse aspecto,
porque dos 21 Vereadores, que a Casa tinha quando cheguei, os 21 eram
associados do Fundo. O Fundo me foi apresentado como a melhor coisa do mundo;
eu nunca ouvi nenhum discurso, de nenhum Vereador, contra o Fundo de
Previdência. Os primeiros pronunciamentos que ouvi sobre o Fundo de Previdência
foram por parte de Deputados do PT, na Assembléia Legislativa. Eu nunca ouvi,
nesta Casa, e nem na própria Assembléia, qualquer discurso contra o Fundo de
Previdência. Os primeiros discursos, repito, foram de Deputados do PT pedindo a
sua saída, ou a extinção, do Fundo de Previdência da Assembléia Legislativa.
Portanto,
a proposta do Ver. Dilamar Machado amplia um direito que deve ser de todos, não
apenas dos Vereadores novos; os Vereadores novos tiveram a restituição do que
lhes foi descontado na folha de pagamento, e junto com essa contribuição dos
Vereadores novos, a Prefeitura pagou, a Câmara também pagou um percentual só
que este percentual não foi devolvido aos Vereadores, ficou para o Fundo de
Previdência. E é isto é que queremos, que todos aqueles que contribuíram para o
Fundo de Previdência - é neste sentido, me parece, que o Ver. Flávio Koutzii
está aperfeiçoando o Projeto - se não quiserem mais ficar no Fundo, devem
receber o seu dinheiro corrigido, porque o Fundo aplica no mercado de capitais.
Todas as mensalidades pagas pelos novos Vereadores foram aplicadas no mercado
de capitais e receberam corrigidas. Ninguém está praticando qualquer ato
ilícito, ninguém está legislando em causa própria, também não é verdade, o que
se quer é direito igual para todos. Todos aqueles que contribuíram, Vereadores
ou não, e até os aposentados.
Parece-me
que o Ver. Flávio Koutzii avança um pouco na sua proposta - eu até depois quero
conferir melhor - parece que V. Exª avança, vai mais longe, ele quer dar
direito a que todos que contribuíram, que quiserem se retirar, se retirem do
Fundo.
Agora,
o Ver. Luiz Braz diz: “Posso discutir os percentuais”. Também acho, acho que a
maneira da retirada deve ser em função de uma correção. Qual o índice? Qual o
fator de correção? Cabe à maioria dos Vereadores decidir, agora o que não é
justo, o que não é certo é que retiraram dos nossos salários, aplicaram no
mercado de capitais, vários Vereadores, uns 18 ex-Vereadores receberam a sua
aposentadoria e continuarão recebendo por certo, mas não é justo que retirem do
nosso salário estas aposentadorias, no mínimo. O que nós queremos
cristalinamente é o que os Vereadores novos já obtiveram: a restituição daquilo
que lhe foi retirado da folha de pagamento, nenhum centavo a mais. Só aquilo
que tiraram exatamente dos nossos salários. A parte da Prefeitura, a complementação,
aquela está lá no Fundo e vai permanecer no Fundo, porque aquela complementação
com as complementações anteriores é o suporte que vai garantir a que os 18
aposentados continuem recebendo. E que Deus ajude que eles continuem por muitos
anos, apesar de saber que muitos Vereadores, muitos dos aposentados já estão
com idade avançada e fazem, e têm naquela pensão o seu único rendimento.
Por
isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta nova proposta do Ver. Dilamar
Machado, repõe não só em debates, mas oferece, juntamente com o Ver. Flávio
Koutzii, uma saída para esse problema que é o Fundo de Previdência, dando
liberdade, igualdade a todos.
Quem
quiser ficar que fique, quem quiser sair que o faça. Era essa a nossa
intervenção Sr. Presidente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Último orador inscrito para a Discussão
Preliminar da Pauta é o Ver. João Dib, V. Exª tem dez minutos.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, cortina
de fumaça. Cortina de fumaça é o que está sendo feito quando se debate tão
apaixonadamente o Fundo de Aposentadoria dos parlamentares. É que com isso é
possível que se escondam outras coisas que acontecem e que o público não tem
conhecimento. Por exemplo, em janeiro deste ano houve uma Convocação
Extraordinária da Câmara e ela não foi paga a ninguém, porque não havia amparo
legal para que se a pagasse. E eu tive a satisfação de ter levantado a minha
voz dizendo da ilegalidade e da falta de amparo para que se pagasse mais esta
convocação da Câmara que, se paga fosse, custaria 60 mil cruzados. E no ano que
passou a Câmara contribuiu para o Fundo de Aposentadoria, não com 20% não, com
o dobro da contribuição dos associados do Fundo, eis que os associados do Fundo
contribuíram com 36 milhões de cruzados e a Câmara contribuiu com 57 milhões de
cruzados em números redondos. Esta Convocação Extraordinária da Câmara custaria
60 milhões mais do que os 57, mas é bom que se saiba que no ano que passou
houve três Convocações Extraordinárias da Câmara e as três foram pagas. É bom
que se saiba que há 20 anos atrás, esta Casa custava 1% do Orçamento da
Prefeitura, e agora custa 6%. Então, cortina de fumaça. Cortina de fumaça nos
olhos do povo para que ele não saiba o que a Casa custa. E é muito mais simpático
reclamar contra o Fundo - e eu recebi pelo Fundo, e se recebi foi porque achei
correto; senão ninguém me faria receber. E volto a dizer: o meu passado garante
o que estou dizendo, porque esta Casa, quando eu era Prefeito, me deu um
aumento de 49,8% e eu exigi o direito que eu tinha, 40,8%. Exigi. Fiz a Câmara
voltar atrás. Voltou atrás. Então eu tenho passado para garantir o que estou
dizendo. Se recebi pelo Fundo é porque era correto. Mas vejo com muita
satisfação, e tem o meu aplauso - assim como o Ver. Clóvis Brum não sabia de
todos os detalhes da legislação que criou o Fundo, mas ele também pagou quando
era dos 21 Vereadores; não pagou só como 33, pagou como 21 -, mas tem o meu
aplauso o art. 1º que a partir da data, o Município não mais contribuirá para o
Fundo. Muito bom. Muito correto, tem o meu aplauso; tem o meu aplauso o art. 2º
que passa a 15% em vez de 12% - tem o meu aplauso -; não entendo o art. 3º que
diz que decorrido 6 meses da vigência desta Lei caberá ao Fundo de Previdência
fixar os valores das aposentadorias e das contribuições dos associados, se já
está fixado no art. 2º, 15%. Está fixado. Mas em todos os casos, deixa aí. E
como eu reconheço a idoneidade, a lisura, o desejo de acertar de todos os Srs.
Vereadores, que eu fiz uma Emenda dizendo que aqueles que não receberam nenhum
benefício do Fundo, e eu acredito na lisura, na honestidade e na decência de
cada um, que aqueles que não receberam nenhum benefício do Fundo, podem, até
contrariando o meu amigo Omar Ferri, eminente Vereador e jurista, podem receber
de volta as suas contribuições, corrigidas na forma da caderneta de poupança,
na correção monetária. E não nos 15% que seriam as últimas contribuições.
Alguns pagaram 8, 9, 10, 12 e pagarão 15%, se aprovado este Projeto. Como eu
entendo que há lisura, honestidade, necessidade, preocupação com a imagem da Casa, tanto que apenas 9 são atuais
Vereadores, 25 deixaram de sê-lo no dia 1º de janeiro, e o que ocorre com
aqueles? Claro que esses 9 não pretenderiam nunca fazer uma injustiça para com
os outros 25!
Então
eu sei que são honestos, eu sei que são dignos, eu sei que eles querem a
verdade, eu sei que eles querem a justiça, eu sei que eles querem mostrar ao
povo de Porto Alegre que não há contribuição, que a Lei Orgânica está errada
quando diz que o Vereador é servidor público municipal. Está errada a Lei
Orgânica, mas é, foi jurada por todos! Mas está errada! Eu vou esquecer o que
está escrito lá, porque eles querem uma clareza, uma transparência maior. E
são, talvez, alguns até que vão dar apoio quando hoje, pela manhã, eu apenas
falei para uma ou duas pessoas que eu queria fixar o salário dos Vereadores,
que eu não queria que fossem aumentados os salários. Já me procuraram à tarde:
“Pô, não faça isso!” Mas eu não fiz nada, apenas coloquei uma idéia no ar. Mas
é essa transparência que me agrada; é esse carinho com o povo de Porto Alegre
que me encanta, saber que os Vereadores querem diminuir o custo da Câmara, que
custa 6%, igual à Secretaria Municipal de Transportes, somado com a Secretaria
do Governo e somado também ao Departamento do Esgoto Pluvial.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. João Dib, quero me congratular com V. Exª porque, apesar de
ainda não ter tido a oportunidade de estudar com profundidade a Emenda de
autoria de V. Exª, pelas informações que traz, fico satisfeito, porque, em meu
entendimento, aperfeiçoa o Projeto apresentado pelo nobre Ver. Dilamar Machado.
Mas gostaria também que V. Exª se apercebesse de um fato que está, inclusive,
motivando estudos deste Vereador, a fim de também seguir o exemplo de V. Exª e
procurar aperfeiçoar esse novo passo que se dá no sentido de extinguir as
verbas públicas na constituição do Fundo, e não propriamente como disse o Ver.
Flávio Koutzii, de extinguir o Fundo, porque nenhum dos Projetos que estão
tramitando, até o momento, fala em extinção do Fundo, e, sim, de eliminação de
verbas públicas; o que, aliás, já era previsto em Projeto de minha autoria,
cuja votação ficou prejudicada em função da aprovação do Substitutivo do Ver.
Dilamar Machado. Mas quero ser breve neste aparte só para chamar a atenção de
V. Exª e de meus colegas que se é justo que se devolva aos Srs. Vereadores as
suas contribuições de maneira corrigida - e aí, eu me perfilo ao lado de V.
Exª, acho que é justo corrigir essa devolução -, por outro lado, acho que ainda
mais justo é devolver aos cofres municipais aquelas contribuições da Prefeitura
e da Câmara, com relação a esses Vereadores. V. Exª sabe muito bem que a contribuição
do Município é casada com a do Vereador, ou seja, para cada 1/3 de contribuição
que saía do bolso do Vereador, 2/3 saíam dos cofres públicos municipais.
Portanto,
sou favorável a este Projeto do Ver. Dilamar Machado, agora aperfeiçoado por V.
Exª, mas estudo uma emenda no sentido de que para cada Vereador que se desligue
do Fundo, voltem a eles suas contribuições corrigidas, mas voltem, também, aos
cofres municipais aquelas contribuições que se destinaram a essas
aposentadorias futuras, que acabarão por não se concretizarem em função desses
desligamentos. Queria apenas chamar a atenção de V. Exª e dos demais Pares para
este fato que, até agora, não havia sido destacado e que está sendo objeto de
estudo por parte deste Vereador e que, provavelmente, resultará em uma outra
emenda ou num substitutivo. Agradeço a V. Exª.
O SR. JOÃO DIB: Agradeço a V. Exª pelo inteligente aparte
que me concedeu e fico contente por ter votado o Projeto do Ver. Dilamar
Machado com restrições, eis que entendia que esta Casa não tem competência
legal para que legisle sobre o Fundo. A competência legal é do Prefeito
Municipal que deverá ou não dizer se ele quer de volta, também, a contribuição
que a Prefeitura fez. Esta é a colocação deste Vereador, a competência,
insisto, é do Prefeito Municipal e de nenhum Vereador aqui. De qualquer forma,
já que está sendo discutido, já que o outro foi discutido, já que o Prefeito
silenciou, não usou da sua autoridade de Prefeito, não vou deixar de tentar
melhorar o Projeto de Lei, mas é por isso que coloquei que aqueles que não
tiveram benefício de qualquer forma, através do Fundo, podem pedir devolução
das suas contribuições, corrigidas na forma da correção monetária.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. João Dib, quando V. Exª coloca da competência da Câmara, diz
que um projeto nesse sentido, partindo da Câmara, teria o vício de origem e que
esse vício de origem poderia ser sanado com a sanção do Executivo, como já
aconteceu em outras oportunidades. Então, acredito que, pelo menos esse
problema, o atual Projeto não terá.
O SR. JOÃO DIB: Sem dúvida nenhuma, volto a dizer que a
competência é do Prefeito Municipal, textualmente na Lei Orgânica e
textualmente na nova Constituição. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrado o período de discussão
preliminar de Pauta e antes de passarmos ao Grande Expediente comunicamos que
recebemos um Requerimento do Ver. Artur Zanella, no qual solicita o seguinte: o
Vereador que este subscreve requer a V. Exª, após os trâmites legais, Licença
para Tratamento de Saúde do dia 22 a 26 do corrente. Em votação. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito
aos Sr. Líderes de Bancada que introduzam ao Plenário o Sr. Aranha Filho,
Suplente pelo PFL, que irá assumir a Vereança em substituição ao Ver. Artur
Zanella, que se encontra licenciado.
(O
Sr. Aranha Filho dá entrada no Plenário.)
O SR. PRESIDENTE: Convido o Sr. Aranha Filho a tomar
assento em sua Bancada e informo ao Plenário que, já tendo S. Exª prestado
compromisso regimental nesta Legislatura, fica dispensado de repeti-lo nesta
oportunidade, nos termos do § 2º, do art. 5º, do Regimento Interno.
Declaro
empossado o Sr. Aranha Filho e informo que S. Exª deverá integrar a Comissão de
Economia e Defesa do Consumidor.
Passamos
ao
Com
a palavra, o Ver. João Motta, por tempo que lhe é cedido pelo Ver. Flávio
Koutzii.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, quem leu a “Zero Hora” na edição de hoje,
segunda-feira, 22 de maio, na página 14, se defronta com a seguinte manchete:
“Tuma analisa ação de grupos sindicais. Polícia Federal quer saber se há
vinculação com atos de violência”. Portanto, o Diretor Geral do Departamento de
Polícia Federal, Romeu Tuma, receberá, nesta semana, um levantamento completo,
segundo a notícia, sobre todos os episódios de violência ocorridos no País,
nesses últimos sete meses, para verificar o envolvimento de grupos dentro do
movimento sindical que estejam ligados a ações extremistas. Esta é, em síntese,
a matéria publicada hoje na “Zero
Hora”.
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, toda a sociedade tem sido brindada nesses últimos
dias com sucessivas reportagens na imprensa contra as diversas manifestações
que estão sendo feitas em nível da sociedade em defesa dos salários e de uma
vida mais digna para todos os assalariados. Tivemos recentemente a distribuição
massiva e a divulgação também massiva, sobre uma apostila apócrifa atribuída à
Central Única dos Trabalhadores sobre adestramento de greves. Tivemos, também
recentemente, informações de infiltrações da direita no movimento e do CIECs,
também, nas entidades sindicais organizadas e tivemos também, recentemente, o
atentado de Volta Redonda. Agrega-se a tudo isto o envio da Medida Provisória
nº 50, regulamentando o estado de defesa e autorização para o Estado Maior do
Exército para convocar as PMs nos Estados. E tudo isso, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, está ocorrendo porque o Governo Sarney, as Forças Armadas, setores
da direita e a comunidade de informações, frente a possibilidade real de serem
derrotados na disputa sucessória, deslocam, hoje, concretamente, o quadro da
disputa política em nosso País, para o campo da provocação, da deduragem e da
repressão, buscando com isto legitimar um clima de instabilidade política e de
insegurança no País.
Esta
é, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a tática que desaguará, certamente, nestes
próximos dias, numa candidatura “salvadora”, identificada, certamente com toda
essa orquestração política. E as notícias que mais uma vez nós detectamos na
imprensa, hoje, fomentam e estão articuladas com toda essa iniciativa política.
É por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que estamos dando ciência às
Lideranças dos Partidos da Câmara Municipal de Vereadores de uma Moção de
Solidariedade a todas as instituições civis e democráticas do País,
identificadas com a luta em defesa da democracia e dos direitos sociais.
Parece-me, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que o cotidiano das Câmaras de
Vereadores dessas instituições ditas democráticas, nesse momento, grave
politicamente, vivido no País, se não se sensibilizarem a esse quadro todo
constrangedor e grave, repito, elas perderão parte do seu papel político nesse
momento em que a sociedade e a Nação clamam por posturas e por posicionamentos
políticos. É por isso que a esperança que nós temos é que a apreciação e a
aprovação dessa Moção seja, por parte da Câmara Municipal de Porto Alegre, o
início de um posicionamento político mais claro, mais responsável e mais sério,
e não continue a Câmara Municipal de Porto Alegre a ser uma instituição
insensível, a não se pronunciar diante desse quadro grave que nós estamos,
hoje, vivendo em nosso País.
E,
lanço, para concluir, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, um desafio ao conjunto
dos 33 Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre, que é o de puxarmos,
esta semana ainda, aqui no Município de Porto Alegre, mais precisamente
quinta-feira, pela manhã, a realização de um ato político aqui na Câmara
Municipal com a participação de todas
as entidades democráticas e civis representativas da sociedade, bem como
também, convocando todas as Câmaras Municipais de Vereadores da Região
Metropolitana, particularmente chamando a esse ato a participação dos
Vereadores, ou seja, os Vereadores não só eleitos em Porto Alegre, mas na
Região Metropolitana, se sensibilizem e se percebam desse quadro grave que nós
estamos vivendo atualmente, ou depois terão de lamentar a sua omissão política
nesse momento. Por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, está lançado aqui o
desafio, muito mais neste momento, em que todos os problemas que envolvem a
Cidade de Porto Alegre, muito mais que os problemas que envolvem,
especificamente, a Câmara Municipal de Porto Alegre, está em jogo, hoje, um
posicionamento claro e democrático da Câmara Municipal e do conjunto dos Vereadores frente a estes
graves acontecimentos.
Por
isso, a medida concreta que pode efetivar e manifestar o nosso posicionamento é
realizando, nesta quinta-feira, pela manhã, um ato político na Câmara Municipal
de Porto Alegre, com a participação de todas as Câmaras Municipais e de todos
Vereadores que compõem a chamada Região Metropolitana. E também contando com a
participação das entidades civis que compõem, hoje, em Porto Alegre e no Rio
Grande do Sul, o movimento chamado “SOS Democracia”. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Segundo orador inscrito em Grande
Expediente é o Ver. Gert Schinke, que por transposição cede seu tempo à
Liderança do PDT.
O SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão
de Ordem): Consulto o PT se esta transposição pode ser feita no final.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: É possível. Faremos a transposição ao
final.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann em
transposição de tempo com o Ver. Giovani Gregol, 15 minutos com V. Exª.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quem
examina hoje a conjuntura brasileira, se defronta com uma série de
interrogações, de estupefações e de uma séria dedução de que existem forças
dedicadas ao truncamento da transição democrática neste País. E infelizmente
muitas dessas forças, senão as principais, se encontram dentro do mecanismo do
Estado, do aparelho estatal. Eu tomo como exemplo o caso do que se resolveu
chamar de grevismo nacional. Ora, é um processo diabólico, perverso. O Governo
Federal, ao não querer assumir a responsabilidade por uma política salarial,
empurra automaticamente os trabalhadores deste País para um movimento mais
forte em favor de suas reivindicações, que não são reivindicações absurdas, são
reivindicações de sobrevivência. E quando essas categorias, melhor organizadas,
vão até o extremo da greve - porque nenhum trabalhador, em nenhuma parte do
mundo vai à greve pela greve - quando o trabalhador se decide, numa assembléia,
a aprovar um movimento grevista é porque sua categoria está muito bem
organizada e porque ele esgotou todas as tratativas capazes de resolver o
problema por outros meios.
Então,
quando as categorias, a nível brasileiro, deflagram a greve, o governo
cinicamente apresenta isso como um movimento grevista destinado a
desestabilizar a economia brasileira. Ora, isso é um círculo vicioso, perverso,
se o Governo não tem a política salarial, e defere aos trabalhadores e à classe
patronal a resolução do problema, o que é que ele está esperando? Que os
trabalhadores aceitem de mãos postas, de cabeça caída, as imposições do
capital? Se existem categorias organizadas capazes de responder com um processo
grevista, este é o processo natural. Não se venha a dizer que o movimento
grevista seja desestabilizador do processo de condução dos assuntos públicos
deste País. O Governo, o aparelho estatal é que estão a demonstrar a absoluta
falta de capacidade, ou pior do que isto, a intenção de, com este jogo,
provocar as forças reacionárias do País para truncarem de vez o processo de
restauração democrática. E o grande objetivo está aí à vista de todos, 15 de
novembro de 1989, data das eleições presidenciais. Como o aparelho do Estado
não tem, nem se vislumbra que terá um candidato capaz de responder ao processo
sucessório, me parece que o mais razoável seja deduzir exatamente isto, que
está à procura de um motivo para que as eleições de 15 de novembro sejam
perturbadas, quando não impossibilitadas.
Por
outro lado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a desfaçatez do atual Governo
Brasileiro no campo da economia atinge às raias do fantástico, enquanto arrocha
os salários, submete os trabalhadores a uma draconiana lei de greve, com a
famosa medida cinqüenta. Isto é o cúmulo da desfaçatez, do cinismo porque a
Constituição aprovou, com todas as letras, que é livre o direito de greve. Ora,
o direito de greve foi cerceado por um ato intempestivo do Governo, para tentar
justamente coibir o que o Governo chama de grevismo. Grevismo provocado pela
ação ou inação do Governo, com propósitos definidos. Enquanto se proíbe de
fazer greve em determinados serviços essenciais, com uma série de procedimentos
burocráticos, que dificultam ao extremo a deflagração desse movimento, o
Governo chega ao cúmulo - a que nunca havia chegado nenhum governo militar
neste País - de militarizar o movimento sindical. Porque, em determinadas
atividades essenciais, quando se deflagra a greve, os empregados, os
participantes desta categoria funcional podem ser requisitados para o serviço
militar e, como tal, a prestarem os serviços naquela atividade em que estão
atuando. Isto nuca havia sido visto neste País. E é por estas razões que a
sociedade, como um todo, está preocupada em que, faltando ainda quase meio ano
para as eleições presidenciais, a gente possa chegar, todos nós, ao 15 de
novembro com a respiração plena, capaz de permitir que votemos nos candidatos
que estão aí. Candidatos e candidaturas que estão produzindo um arrepio na
sociedade brasileira, tal a profusão de candidatos, quanto uma confusão de
propostas. Não se conhece ainda nenhum candidato com programa de governo. Por
enquanto é uma pura e simples disputa do poder pelo poder. O candidato do meu
Partido, Roberto Freire, Deputado Federal, vai brevemente expor que estamos
elaborando um programa de governo para os candidatos do PCB. E queremos que a
nossa ação seja a precursora de outras ações similares, de outras candidaturas,
porque dizer-se simplesmente que se é contra o pagamento da dívida externa, que
se é pela Reforma Agrária, que se é pela estatização do sistema financeiro, que
se é por isto ou por aquilo, isto não é programa de Governo, há necessidade de
um detalhamento para que a sociedade saiba em que constituirá esta suspensão do
pagamento da dívida externa ou dos juros da dívida, ou em que termos se fará a
Reforma Agrária, ou em que termos se fará a estatização do sistema financeiro,
ou o processo educacional brasileiro como será.
Amanhã
vai haver um debate, aqui, na Universidade Federal, o que é que o futuro
Presidente pretende fazer com a Universidade brasileira. Se vai privatizá-la,
como estão pretendendo, ou se vai designar maiores verbas públicas para que ela
cumpra efetivamente o seu papel? O que fará a sociedade brasileira como um todo
com o processo de modernização do mundo que está diante dos nossos olhos e que
revela para os brasileiros uma incapacidade total de solução, que é o processo
científico e tecnológico? Que faremos nós, no ano 2.000, com a nossa juventude em
termos educacionais? Que faremos nós dos nossos milhões de doentes? Isto é
programa de governo. Que faremos com a Previdência Social que está à beira de
um colapso? E que o Governo, pura e simplesmente, não quer transferir ao setor
econômico o pagamento de um aumento da alíquota da Previdência para fazer face
à farta distribuição, entre aspas, de benesses com o aumento das
aposentadorias.
Por
isso, Srs. Vereadores, é muito preocupante o momento em que nós estamos
vivendo, e é preciso que esta Casa, todos nós, a sociedade como um todo, tome
consciência do que está por trás disso que estamos vendo, e vendo de uma
maneira distorcida, parece um calidoscópio, pois estamos enxergando o amarelo
em vez do verde, o verde em vez do vermelho, e assim por diante. Estão nos
distraindo com noticiário de imprensa, principalmente de televisão,
completamente alheio ao que se passa realmente neste País. Nós estamos
assistindo a uma campanha insensata, e de características surrealistas em
relação ao que se passa, hoje, no País.
Não
quero que minhas palavras sirvam para adicionar mais preocupações, mais
elucubrações, mas gostaria que ficasse o alerta, para que todos nós pensemos e
ajamos no sentido de ajudar este País a sair do atoleiro em que está, sob pena
de termos que responder perante a história, pela nossa omissão, pela nossa
inação. E eu não gostaria que isso acontecesse, porque esta Casa,
especialmente, tem uma tradição de luta, de muita consciência cívica, para que
estas coisas continuem acontecendo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes
de entrar no assunto que me traz à tribuna, quero saudar a presença na Casa do
nosso nobre Ver. Wilson Arruda, meu companheiro de Câmara Municipal, em 1969, a
quem saúdo e agradeço, em nome de Porto Alegre, toda a sua longa vida dedicada
ao bem público desta Cidade.
Mas,
Sr. Presidente, estou retornando de uma pequena, curta, porém proveitosa viagem
do ponto de vista de análise da situação sócio-econômica de um dos países mais
importantes do Cone Sul, a Argentina. Para que os Vereadores tenham uma idéia
da desorganização econômica da Argentina, logo após a eleição de Carlos Menen,
como Presidente do Partido Judicialista, do Peronismo, na quinta-feira, pela
manhã, quando saí às ruas de Buenos Aires, as casas de câmbio anunciavam o
dólar a 130 austrais, na parte da manhã. Ao final da tarde as casas de câmbio e
os bancos estavam cotando o dólar por 215 austrais. A economia da Argentina
está integralmente desorganizada, o povo está completamente perturbado, o
salário-mínimo daquele país, hoje, é de 20 dólares, cerca de 4 mil austrais. No
comércio de Buenos Aires, um casado de senhora, um blusão de cavalheiro, meu
caro Ver. Flávio Koutzii, que conhece, embora de forma não muito cômoda aquele
país amigo, custa três vezes o salário mínimo de um trabalhador. A opinião do
povo nas ruas de Buenos Aires é que em poucos dias os bancários, os
comerciários, os industriários, os trabalhadores de um modo geral não terão
mais condições de pagar a passagem dos ônibus do coletivo, tal é a
miserabilidade do salário-mínimo pago, e o custo de vida lá está aumentando por
hora, por dia e não há o que resista para a economia daquele país, já se
falando de forma muito clara sobre a probabilidade da antecipação da posse do
peronista Carlos Menen para o dia 9 de julho, que é a data oficial da
Argentina, o que teria já a simpatia do atual Presidente Raul Alfonsin.
Agora,
vejam V. Exas, que o
assunto trazido a debate nesta Casa com relação à situação do Brasil tem muito
a ver, é verdade, com a situação da Argentina. Naquele país, pelo menos, de
1972 para cá já foram eleitos quatro Presidentes pelo voto do povo. O último
deles foi o Sr. Raul Alfonsin, que será sucedido agora por Carlos Menen, do
Peronismo. Mas o que se nota em Buenos Aires é que o povo, pelo menos da
Capital da República Argentina, não vê com esperança o novo Presidente, não há
nenhuma euforia nas ruas de Buenos Aires, nem nas pessoas, há sim é uma certa
desconfiança, o que leva-nos a crer que a vitória de Menen foi uma vitória do
setor rural, das suas províncias, do interior, e que na capital, mais
politizada, não sei porque razão, que raiz deixou o Peronismo, não há de parte
do povo uma esperança fundada na administração de Carlos Menen. E aqui, no
País, o que se vê? O dólar cotado hoje, pelo menos até há pouco tempo atrás, em
3,10 cruzados novos por dólar. O Deputado Luiz Roberto Ponte, líder do Governo,
pregando a partir da Câmara Federal que o salário mínimo não pode de forma
alguma ultrapassar 90 cruzados. As medidas provisórias em debate e a Rede Globo
mais uma vez capitaniando uma espécie de campanha terrorista contra quem?
Contra o Brizola? Contra o Lula? Contra o Ulisses? Contra o Roberto Freire?
Não. Contra os partidos politicamente organizados. Com alguns ditos políticos,
especialmente a esquerda revolucionária de respeito, que dizem que só quem
bebeu da água do despotismo é que pode, de forma cínica, pregar que a oposição
aos governos por parte dos partidos políticos é traição à Pátria. Se fazer
oposição é trair a Pátria, a um governo como o de José Sarney, então os
partidos brasileiros, em sua maioria, são traidores da Pátria, a vingar o dito.
O que faz a Rede Globo hoje? E só a Rede Globo já apresentou, em dois meses,
cinco pesquisas do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, o
IBOPE. Eu não questiono o IBOPE. O IBOPE é uma entidade particular, é uma
entidade comercial, qualquer um de nós - e o nobre Ver. Omar Ferri há poucos
dias contratou o IBOPE para fazer uma pesquisa que lhe interessava. O IBOPE
está ali para ser contratado. A Rede Globo contrata o IBOPE. Agora, existem
pesquisas. Nós temos neste País, hoje, cerca de 80 milhões de eleitores. E o
que é muito importante, 70% destes eleitores são pessoas que ganham até um
salário mínimo, desempregados, negros, pobres, mulheres abandonadas pelos
maridos e hoje jovens entre 16 e 18 anos que estão se qualificando como
eleitores e que na sua imensa maioria vivem nos bolsões de miséria dos grandes
centros urbanos. Será que é ali que o IBOPE pesquisa? Eu perguntaria aos
companheiros Vereadores desta Casa se algum Vereador, ou algum de seus
assessores, ou algum de seus familiares, ou algum de seus vizinhos, ou algum dos
moradores dos seus bairros, das suas vilas já foi pesquisado pelo IBOPE para
saber em quem se vai votar para Presidência da República? Quem são estes dois
mil e poucos “iluminados” que decidem através do “Fantástico”, aos domingos à
noite, que o Sr. Collor de Mello é hoje a grande esperança da Nação? É um homem
que tem 32% da preferência do eleitorado, mas quem define isso? É uma manobra
clara, escancaradamente clara e descaradamente hipócrita para ir convencendo
aos poucos a maioria do povo brasileiro, que efetivamente se desilude hoje com
a administração Sarney, com outras administrações, e, por que não, até com a
classe política em função da campanha permanentemente encetada nos meios de
comunicação contra a classe política.
Então,
cabe analisar neste momento da vida nacional, em que se faz, através da luta
sindical dos partidos políticos progressistas, o que qualificamos de “SOS
Democracia”, a salvação, a manutenção do avanço democrático. O que se faz hoje
é pregar através da Globo a possibilidade da desmobilização e da desmoralização
completa e final dos partidos políticos, porque Leonel Brizola é candidato de
um partido político. O PDT pode ter os seus defeitos como partido, ter cometido
seus equívocos historicamente, mas é um partido organizado e que tem cara, tem
face. Quem é PDT, quem é Brizola sabe o que é, e ninguém duvida do que nós
somos. O PT indiscutivelmente é um partido organizado, um partido que cresce,
que avança e que tem como liderança um líder sindical, que é o Dep. Lula. O
PMDB pode ser uma frente, e é uma frente, mas é um partido que tem cara, é um
partido que se utilizou de instrumentos inteligentemente, como o Plano Cruzado,
para avançar no poder e hoje detém 21 Estados da Federação através de seus
Governadores, de milhares de prefeituras, de Deputados, Senadores e Vereadores.
O Partido Liberal é um partido político definido, põe como seu Líder o Dep.
Afif Domingues. Ele é um líder, esteve aqui conosco, é definido, é um liberal e
prega a filosofia liberal para a melhoria de condições de vida na sociedade. O
Partido Socialista Brasileiro é centenário, é um partido que sempre existiu. O
Partido Comunista Brasileiro voltou às ruas e à sua luta, embora tenha
permanecido na clandestinidade durante muitos anos. Enfim, o PSB é um partido político
organizado, que diz para que veio, o que é, de onde veio. Mas o que é o PRN?
Quem conhece, nesta Casa, alguém que seja filiado ao PRN, a não ser o Sr.
Collor de Mello? O que é o PRN? Então, o que a Rede Globo está querendo mostrar
aos brasileiros é que os partidos faliram. Não adianta Lula, não adianta
Brizola, Ulysses, Roberto Freire, Jânio Quadros, Paulo Maluf, Afif Domingues,
nada disso existe. Existe é um senhor fabricado, preparado, chamado Fernando
Collor de Mello. É evidente, companheiros, que daqui a um mês, ou dois, ou
três, nós teremos o quadro final. O PFL está aí, realizando suas prévias, para
definir a sua candidatura entre Aureliano e Marco Maciel, mas, na base do PFL,
só o que se fala é que o Partido vai apoiar o Sr. Collor de Mello. Não definiu
ainda o seu candidato e já os seus homens de base, no Rio de Janeiro e em
outros Estados, estão-se definindo para apoiar a candidatura,
oportunisticamente, do ex-Governador de Alagoas. Mas imaginem o que o povo
brasileiro vai tomar conhecimento a partir do momento em que o Brizola, ou o
Lula, ou o Próprio Afif, ou o Paulo Maluf, começarem a ir para a televisão
mostrar efetivamente quem é essa figura construída pelo Sr. Roberto Marinho,
cujo único pavor é aquele de quem tem o privilégio enorme, a custa do povo
brasileiro, de manter um império de televisão, neste País, através de uma
simples concessão, e usar essa concessão, que é propriedade do povo brasileiro,
para embaralhar, para enganar, para iludir o próprio povo.
O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, eu quero fazer um registro de que, efetivamente, V. Exª
fez justiça à nitidez, à clareza, da doutrina liberal e à nossa absoluta
certeza de que este insignificante 1% que está sendo atribuído a Guilherme Afif
Domingues não corresponde à realidade. No momento em que realmente o Afif
lançar a nossa proposta de governo calcada no liberalismo e representando toda
uma juventude, toda uma capacidade e se tiver uma pesquisa, não nos moldes em
que está sendo feita está, se mostrará à Nação que realmente o Partido Liberal
vem para apontar um caminho de modernidade para o País.
Um
outro detalhe, apenas para uma retificação, V. Exª, ao falar “um candidato
fabricado”, falou Lindolfo Collor de Mello, deveria fazer a correção para
Fernando Collor de Mello.
O SR. DILAMAR MACHADO: Mas a campanha vai mais longe. O Jornal
do Brasil, de hoje, publica uma matéria de manchete de capa em que diz: “Collor
avança no ABC.” Quem vê a manchete pode pensar: olha, o Collor foi lá e já
faturou o Lula, porque indiscutivelmente a região do Líder do PT é o ABC
paulista: São Bernardo, Santo André, São Caetano. Daí, eu fui ler a matéria; a
matéria é exatamente o contrário e as Lideranças do PT dizem que não há
qualquer influência e nenhuma penetração do Sr. Collor de Mello na região do
ABC, pelo contrário. O Líder Metalúrgico, que é eleitor - não lembro o nome do
companheiro do Lula - diz que quem tem alguma penetração na base dos
trabalhadores do ABC é o candidato do PDT Leonel Brizola, mas o Collor de Mello
não tem penetração alguma. Então, efetivamente, a candidatura, ela está sendo
fabricada a nível nacional. Acho que esse alerta que se faz é importante, acho
que temos que sair para as ruas, temos que conversar com o povo, antes que o povo
seja novamente enganado.
O Sr. Aranha Filho: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, apenas para fazer um registro, talvez uma retificação no
discurso de V. Exª, V. Exª, quando abordou a linha do PFL, por certo, abordou
de um lado e não de outro. Na disputa, na prévia de ontem, dois candidatos se
sobressaíram e deve vencer a prévia Aureliano Chaves. E não é este registro que
sabemos da idéia de Aureliano Chaves em compor com Collor de Mello, pelo
contrário: é candidatura própria.
O SR. DILAMAR MACHADO: Agradeço o aparte de V. Exª. Só para
concluir, Ver. Aranha Filho, estou dizendo isso porque vi e ouvi na televisão o
Presidente do Diretório da Frente Liberal do Rio de Janeiro comunicar
publicamente que o PFL do Rio de Janeiro, por pressão das bases, tende
definitivamente a apoiar a candidatura Collor de Mello. O que seria,
indiscutivelmente, um apoio oportunista, fisiológico, já que o Partido se
prepara para ter uma candidatura própria e é indiscutível o valor do cidadão
Aureliano Chaves como candidato, até por sua experiência como Vice-Presidente
da República e como Ministro de Minas e Energia.
O Sr. Aranha Filho: Talvez uma adesão setorial!
O SR. DILAMAR MACHADO: É provável. Mas, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, para encerrar, gostaria que esse debate continuasse. Acho que é a
hora de debatermos de forma muito clara porque, repito o que disse há poucos
dias da tribuna, não sinto mais cheiro de 1964 no Brasil, não é a questão do
retorno ou não dos militares, não são as viúvas dos verde-olivas que estão
chorando hoje, o que sinto no ar, por tudo o que acontece nesta Nação, pelo
desregramento da economia, pela falta de providências do governo, pela
continuidade da corrupção, pela desfaçatez dos atos de Sarney é que estamo-nos aproximando
de algo parecido com 1937. E ali é pior. Por ali o caminho é mais difícil,
porque o povo brasileiro pode não estar preparado para agüentar, pacificamente,
uma ditadura militar, mas pode ser novamente enganado pelos poderosos meios de
comunicação, da imprensa eletrônica, da imprensa escrita de que uma espécie de
Estado novo, uma figura tipo Sarney ou coisa parecida, sustentado, na base,
pelas forças armadas, viesse a reorganizar a Nação brasileira, convencendo o
nosso pobre e sofrido povo de que eleição ainda é alguma coisa subversiva e
perigosa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): A Mesa está diligenciando junto à
Assessoria Legislativa a superação de um pequeno impasse que foi causado com a
licença do Ver. Heriberto Back, último inscrito em Grande Expediente, na tarde
de hoje.
O SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, entendo
que a inscrição do Ver. Heriberto Back, a exemplo de outras anteriores, em que
o Suplente assume, ela, automaticamente, se transfere a este Suplente que está
no exercício. É o caso do Ver. Antonio Losada, que estaria no exercício da vaga
deixada em função da licença do Ver. Heriberto Back. Portanto, no entendimento
deste Vereador, cabe à Bancada do PT indicar o orador em lugar do Ver.
Heriberto Back. É o entendimento deste Vereador, que eu submeto à Mesa e ao
Plenário.
O SR. FLÁVIO KOUTZII (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu entendo que não cabe à
Liderança a possibilidade de indicar.
O SR. PRESIDENTE: Nobres Vereadores, a Questão de Ordem
suscitada, no entendimento da Mesa, ela obedece a um rodízio alfabético.
Entretanto, para que isto não cause um efeito duradouro, hoje,
excepcionalmente, a Mesa defere ao Líder do PT a indicação do substituto do
Ver. Heriberto Back, que, no caso, é o Ver. Antonio Losada, para que ocupe este
espaço de Grande Expediente. A Mesa reitera para que isto não fique constando
como regra porque eu não tenho absoluta convicção de que este procedimento seja
mais correto e adequado. A Mesa tem conhecimento de que o processo sempre é por
rodízio alfabético.
O SR. FLÁVIO KOUTZII (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu leio aqui no art. 79,
§ 1º, diz: “O Vereador pode ceder sua inscrição em Comunicações ou no Grande
Expediente a um colega e, se ausente, caberá ao Líder dispô-la”. É assim?
O SR. PRESIDENTE: Não quero polemizar, mas no caso do Ver.
Heriberto Back, ele está licenciado do mandato, substituído pelo Ver. Antonio
Losada que entraria na relação de Grande Expediente, de acordo com a ordem
alfabética. Eu reitero a disposição de que, não constituindo isto um direito
permanece, que hoje se abra esta exceção. É a contragosto que o faço, mas é a
maneira de dirimir a dúvida.
O SR. WILSON SANTOS (Questão de Ordem): É um registro que eu quero fazer de que,
realmente, o PL concorda com a excepcionalidade, porque, realmente de acordo
com as normas que regem esta Casa, no caso da Licença do Ver. Heriberto Back, o
Suplente não utiliza o tempo dele e, sim, vai entrar na ordem alfabética,
quando for chamado. De forma que nós concordamos com a excepcionalidade. Que se
dê essa exceção para que o PT utilize esse tempo.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: A orientação da Mesa ficou mais clara
para nós e a nossa indicação é que o Ver. Luiz Braz utilize o tempo.
O SR. PRESIDENTE: Então o Ver. Luiz Braz tem o espaço de 15
minutos em Grande Expediente na tarde de hoje, como último orador inscrito.
O SR. LUIZ BRAZ: Em primeiro lugar, quero congratular-me
com a idéia levantada pelo Ver. João Motta, do PT, de transformarmos, hoje, o
período de Grande Expediente e também o período de Comunicações numa
manifestação dos partidos com relação à situação política atual. Também quero
agradecer a compreensão da Mesa que possibilitou que a Bancada do PTB pudesse
utilizar esse espaço que foi cedido, hoje, pelo PT, porque, de acordo com as
inscrições por ordem alfabética e a rotatividade, hoje, nós tínhamos,
praticamente, somente oradores do PT no Grande Expediente, sobrando para as
outras Bancadas o período das Comunicações. Mas houve realmente uma decisão
bastante democrática dos líderes desta Casa, o que possibilita que todos os
partidos políticos possam fazer uso da palavra.
O
quadro que se instala neste ano de eleição presidencial é um quadro de miséria.
É um quadro que vem-se agravando, ano após ano, com um salário-mínimo cada vez
mais achatado e com a incompreensão que nós temos da fala do Líder do PMDB na
Câmara, Dr. Roberto Ponte, que afirma que aquele singelo salário-mínimo,
aprovado no Congresso Nacional, de NCz$ 120,00 é demais para ser agüentado
atualmente pela Nação, porque os 120 cruzados de salário-mínimo faria explodir,
o que se chama, hoje em dia, de Previdência Social. Limita, o Dr. Roberto
Ponte, de acordo com o entendimento que ele traz do Governo Federal, este salário-mínimo,
para que não haja explosão completa da Previdência Social, em 90 cruzados.
Acontece que os 90 cruzados arbitrados pelo Governo Federal fazem com que haja
um crescimento do quadro de miséria. E este crescimento do quadro de miséria
faz com que haja também um crescimento da procura destes mesmos miseráveis da
Previdência Social. E, ao mesmo tempo que se tenta fazer com que haja um menor
gasto da Previdência Social, por outro lado, aumentando este quadro de miséria,
se impulsionam os gastos com a Previdência Social. É algo que não dá para
conter, não se contém assim. Os 120 cruzados arbitrados ou votados no Congresso
Nacional não alterariam muito o quadro de miserabilidade de hoje, mas, iriam
trazer um certo refresco. Estes 30 cruzados que fazem a diferença entre os 90
propostos pelo Dr. Roberto Ponte e os 120 propostos pelo Congresso Nacional,
esses 30 cruzados serviriam para atender a família do miserável, do
trabalhador, pelo menos em alguns requisitos básicos de saúde, requisitos
básicos estes que ele vai ter que buscar onde? Exatamente na depauperada
Previdência Social.
O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, há exatamente um mês, o DIEESE publicou um estudo
concluindo que o salário-mínimo, hoje, deveria ser da ordem de 500 cruzados,
nos termos da Constituição. Aquele mínimo indispensável para que uma família
possa sobreviver, se alimentando, educando seus filhos, morando, vestindo, indo
a médico, cuidando da saúde, usando transporte coletivo e, também, usando
alguns mecanismos de lazer que são inerentes à condição humana. Quando o DIEESE
diz que é de 500 cruzados o salário-mínimo, a manifestação do Líder do Governo,
a manifestação do Luiz Roberto Ponte, eu já nem quero agredir o PMDB, porque eu
não considero o Sr. Luiz Roberto Ponte do PMDB; faz parte do pensamento mais
reacionário, mais comprometido da Nação brasileira, porque é ligado diretamente
ao grande empresariado. É por isso que ele acha que 90 cruzados é o máximo.
Então,
Ver. Luiz Braz, por isso que esse País vai mal, com esse tipo de representante
do povo. E, lamentavelmente, o Sr. Luiz Roberto Ponte foi eleito Deputado pelo
povo do Rio Grande do Sul em 1986, e um Líder da estatura de um Nadir Rosseti
não foi eleito. Veja como o povo votou enganado naquele ano.
O SR. LUIZ BRAZ: E V. Exª vê que para que nós consigamos
chegar a um estágio de consciência política razoável, para que esse povo possa
escolher bem os seus representantes, nós vamos necessitar de boas estruturas
partidárias. Agora, o que nós vemos no dia de hoje, Ver. Dilamar Machado? Nós
vemos hoje em dia uma organização como a Rede Globo tentando explodir com as
estruturas partidárias, lançando a candidatura do Sr. Collor de Mello, da
melhor maneira possível, para que ele possa quando, no segundo semestre deste
ano, que é a época decisiva, estar num estágio tão superior aos outros
candidatos, para que seja difícil que os outros candidatos possam alcançá-los
nesta corrida à Presidência da República. Simplesmente para que empresas, como
a Rede Globo de Televisão, possam manter os seus privilégios, que têm hoje, de
ser a porta aberta ao capital internacional. Essa mesma Rede Globo que pertence
a família Marinho, e essa mesma família Marinho que era a grande adversária de
Getúlio Vargas. Getúlio Vargas, que procurava, no seu governo, conter a entrada
do capital internacional, valorizava o capital nacional. E a família Marinho já
lutava contra Getúlio Vargas naquela época, tentando fazer com que pudesse
haver entrada do capital internacional, para que nós chegássemos ao estágio em
que nós estamos hoje. Hoje, a porta aberta ao capital internacional se chama
Rede Globo.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, eu, hoje pela manhã, assistia ao Programa Bom Dia Rio
Grande, onde foi entrevistado o Dep. Luiz Roberto Ponte. O Dep. Luiz Roberto
Ponte é Líder do PMDB. Eu reitero o que já tenho dito nesta Casa: sou um
crítico das coisas do Governo do PMDB, mas reconheço no Dr. Roberto Ponte um
dos homens mais lúcidos e honestos que representa este Estado. E, hoje pela
manhã, ele me convenceu. É uma questão de número, dizia ele. O que eu entendi
do Dr. Roberto Ponte é que ele não estaria contra e iria tentar levar isto ao
Presidente da República, aos 120 votados no Congresso. Apenas disse que não
pode pegar este valor e transformar em aposentadoria, porque senão quebra a
Previdência. Por que quebra? Porque os Deputados constituintes fizeram uma
série de benefícios aos aposentados e não mostraram a fonte de custeio desse
benefício e a União não está pagando a parte que lhe deve. Então, ela vai
quebrar, ou nós teremos que pagar esta diferença, através de aumento de
tributos. Então, o que ele propunha: se aumentasse para 90, 95 e o resto se
pagasse em abono. A mim convenceu, achei que estava criterioso o posicionamento
do Dr. Roberto Ponte, uma estrela fulgurante desse combalido PMDB desse governo
que aí está.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Vicente Dutra, basta que V. Exª leia
o que diz a atual Constituição Federal, a respeito do salário-mínimo e aí V.
Exª vê o que o Congresso aprovou, o que já vetou e mesmo esta miséria que é os
120 cruzados é contestada ainda pelo Governo Federal. Digo a V. Exª que o homem
da posição do Dr. Roberto Ponte quer conter o processo inflacionário do País,
quer arrumar a Casa, esfacelando, por completo, os trabalhadores ou
aposentados. Ele não faz outra análise da economia brasileira. E acredito que o
que deveria era fazer uma contenção, uma limitação no lucro das empresas,
principalmente as multinacionais, que têm uma lucratividade acima do normal. Os
bancos, ao divulgarem seus balancetes, divulgam balancetes que estão com mais
de 1.000% ao ano, o que nenhuma economia pode resistir. Mas não existe nenhuma
ação governamental para conter esta lucratividade.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu acho que está havendo um pequeno equívoco. Ninguém está contra o
salário-mínimo. O salário-mínimo, realmente, é muito baixo. Agora, o que eu
entendi é que este percentual de aumento do salário-mínimo, que está baixo, e
que deve aumentar mais de 120, até, não seja repassado para o aposentado.
Porque, se o aposentado estiver ganhando mil cruzados, ele vai receber todo
aquele percentual de aumento em cima dos mil cruzados. Nós temos que corrigir é
o salário-mínimo e não o aposentado, que já foi corrigido.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Vicente Dutra, só um exemplo do que
o Governo Federal poderia fazer em relação ao trabalhador. Hoje, está divulgado
em números claros no Jornal Zero Hora: “cidadão que comprou sua casa própria,
faltando cinco prestações para pagar esta casa própria, e que a prestação
esteja na casa de 100 cruzados, ele deveria pagar, se ele fosse liquidar estas
prestações, hoje, 500 cruzados”. Mas, pegando a inflação do período, que seja
de 100%, ele deveria pagar mil cruzados. Como V. Exª sabe, o saldo devedor é
sempre muito maior do que a dívida real do cidadão, ele seria na ordem de 30
mil cruzados. Então, o que é que este cidadão, hoje, tem que fazer para poder saldar
estas prestações que faltam para que ele tenha a sua casa própria? Ele desconta
destes 30 mil cruzados, do saldo devedor, 25% e tem que pagar, em vez de mil
cruzados apenas, vinte e dois mil e quinhentos cruzados para poder saldar estas
cinco prestações que faltam para pagar a casa própria. Sabem o que é isso? É
proteção ao banqueiro. É proteção ao capital. É opressão a quem realmente
precisa de proteção. Quem realmente precisa de proteção está sendo oprimido
neste exato instante. Os números estão claros, hoje, no Jornal Zero Hora.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu queria colocar que, realmente, para homens como Luiz Roberto
Ponte, não tem saída para o trabalhador, porque, como na época do milagre
brasileiro, eles defendem que, primeiro, tem que crescer o bolo para depois
distribuir para o trabalhador, e em época de crise também não é possível,
porque quebra a Previdência, diminuem os lucros e assim por diante. Quer dizer,
e o Dilamar colocou muito bem, pensamento reacionário nunca vai ter saída para
a classe trabalhadora.
O SR. LUIZ BRAZ: Mas, Vereador, V. Exª vê que essa
pregação do Dep. Roberto Ponte pega; como, por exemplo, pegou o Ver. Vicente
Dutra, hoje, ouvindo rádio. E olha que o Ver. Vicente Dutra é um dos Vereadores
mais cultos desta Casa, mas ouvindo as pregações do Dep. Roberto Ponte, ele já
estava convencido de que o Dep. Ponte está com a razão, e de que o trabalhador
não tem outra saída, senão a de receber 120 cruzados de salário-mínimo, e o
aposentado os 90 cruzados, e 30 cruzados de abono, de acordo com o que coloca o
Líder do Governo. Um aparte ao Ver. Dilamar Machado.
O Sr. Dilamar Machado: O Ver. Vicente Dutra se convenceu com o
pronunciamento do Dr. Ponte, e o qualifica como uma estrela fulgurante do PMDB
e seu Líder, e diz que é um dos homens mais honestos da política brasileira;
agora, ele não é Líder do PMDB, o Líder do PMDB, Vereador, é o Deputado Ibsen
Pinheiro; Roberto Ponte é Líder do Governo Sarney, e neste momento, nesta
Nação, uma pessoa fulgurante e honesta não pode liderar um Governo desses.
O SR. LUIZ BRAZ: Mas, infelizmente, o quadro que temos
montado, na atualidade, é um quadro que está sendo liderado pela Rede Globo de
Televisão e que fabrica uma outra personagem, que é a imagem dessa que está
colocada aí, Dr. Ponte, Sr. Sarney, e fabrica, para que possa continuar com os
mesmos privilégios e, infelizmente, essa pregação toda está convencendo pessoas
tão ilustres, como é o caso do Ver. Vicente Dutra. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica aos Vereadores que, logo
após o encerramento desta Sessão, será convocada uma Sessão Extraordinária, a
fim de que seja votado um Projeto de Resolução da Mesa que reajusta os
vencimentos dos funcionários da Casa, tendo em vista que, na quarta-feira, não
teremos Ordem do Dia.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para uma informação. Já
entrou solicitação idêntica do Executivo?
O SR. PRESIDENTE: A Mesa não tem condições de responder a
V. Exª neste instante preciso, mas vai procurar se informar.
Passamos
às
O SR. PRESIDENTE: Primeiro orador inscrito Ver. Clóvis
Brum. Ausente. Segundo Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu, até
o presente momento e com exceção do dia da votação, eu não havia me pronunciado
sobre o Fundo de Previdência dos Vereadores. Em função do que se falou
anteriormente, hoje, nesta tarde, devo dizer o seguinte: preliminarmente, o meu
eleitor é esclarecido, me conhece, me acompanha e me cobra. Assim sendo, voto
segundo a minha consciência, com serenidade e com tranqüilidade. Votei, sim,
aquele Projeto, aquele Substitutivo do Ver. Dilamar Machado e se divulgou, por
diversas vezes, que quem votou “Sim” votou favorável ao Fundo e contra o povo
de Porto Alegre. Devo dizer que isto não é verdade.
Em
primeiro lugar, porque não se mencionou com clareza aquilo que eu entendo e
reputo indispensável mencionar. Nós tínhamos a Lei nº 4.012/75, e isto eu havia
dito da tribuna no dia da votação. Pela Lei, seria compulsória a contribuição.
O Vereador participaria com 10% e o Poder Público com 20%. Esta foi a situação
que aqui encontramos. Pelo Projeto do nobre Ver. Vieira da Cunha, foi
apresentado um Projeto onde a participação seria opcional, o Vereador
contribuiria com 12% e o Poder Público, zero por cento. A partir desse Projeto,
o nobre Ver. Dilamar Machado apresentou um Substitutivo. Pelo Substitutivo,
também seria a participação opcional; o Vereador também participaria com 12% e
se reduziria em 50% a participação de verba pública, ou seja, 10% a
participação da Câmara. Ora, nós votamos o Substitutivo; não sendo aprovado o
Substitutivo, nós votaríamos o Projeto original. Isso também eu disse. E disse
mais. Disse que votaria pela opcionalidade. Votei sim ao Substitutivo, e se o
Substitutivo não fosse aprovado, votaria sim ao Projeto do Vieira. Naquele
momento disse também que seria um avanço a opcionalidade, e eu estava certo.
Porque eu estava certo? Vemos hoje mais de vinte Vereadores que se desligaram
do Fundo. Após a aprovação desse Projeto e no tempo hábil também foi divulgado
com alguma insistência que o Ver. Vieira da Cunha teria sido o primeiro
Vereador a desligar-se do Fundo, também não é verdade. O Primeiro Vereador a se
desligar do Fundo fui eu. Desliguei-me do Fundo porque entendia que, como opção
para mim, era mais razoável e melhor como Vereador fazer um Fundo particular
meu. Por outro lado, eu gostaria de comunicar a esta Casa que recebi, com
correção monetária, as duas parcelas que depositei. E recebi com toda a
naturalidade, sem preocupação nenhuma, porque entendo eu que uma vez feito um
depósito compulsório, teria que ser restituído com correção monetária, porque o
Fundo, como já foi dito, aplicou esses recursos. Quero esclarecer também que
naquele momento não entrei na Justiça contra o Fundo, como falou o Ver. Omar
Ferri, que recebeu corrigido porque ele entrou na Justiça. Mas eu sabia que
existiam dois Projetos: primeiro foi um Projeto Substitutivo, ambos, com a
opcionalidade - eu não vi razão nenhuma para ingressar na Justiça para pedir
esta restituição e não participar, eis que estava claro que uma das duas
propostas seria aprovada e a opcionalidade viria. Vejo com bons olhos também as
Emendas que estão sendo apresentadas nesta Casa para a restituição destes
valores, até porque entendo eu que é justo que se restitua corrigido. Gostaria
apenas de deixar aqui o seguinte: como esta Lei em vigência diz que a
participação é opcional, e é retroativa a janeiro, eu entendo que uma vez o
Vereador tendo sido desligado do Fundo, aquela verba pública que foi levada ao
Fundo, em função da participação, volto a dizer, compulsória do Vereador, deve
ser restituída ao Poder Público. Por quê? Porque pela legislação em vigor, eu
não participando desde janeiro, como uma série de outros Vereadores assim o
fez, as verbas públicas, referentes àquelas contribuições daqueles Vereadores
que foram desligados, devem ser restituídas aos cofres públicos. É a minha
colocação.
Para
finalizar, eu quero dizer o seguinte. Com referência a este tema, antes
levantado e abordado, do salário-mínimo ser pago em abono, eu sou frontalmente
contra isto. E direi por quê. Porque se a Constituição Nacional disse que o
aposentado deve receber tantos salários-mínimos quantos foram seus valores de
aposentadoria, fica claro que se nós começarmos a deturpar o valor do
salário-mínimo, nós não estamos quebrando a Previdência Social, mas estamos
quebrando o bolso do aposentado. Que se quebre a Previdência Social, mas que se
continue com o povo brasileiro conquistando alguns valores a mais nesta difícil
situação em que hoje se encontra. Então quero deixar claro: sou contra esta
posição. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro
encerrados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 16h44min.)
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